sexta-feira, 13 de novembro de 2015

JEQUITINHONHA E NORTE MINEIRO: COMO REVERTER A POBREZA EM RIQUEZA? por Douglas Ribeiro

Reverter a pobreza em riqueza é possível. Acima Fotos de Seul – Coréia do Sul em 1961, quando a Coréia era mais pobre que muitos países africanos e hoje, uma das Nações mais prósperas da Terra.
Como todos sabemos, nosso estado é extremamente heterogêneo. Minas apresenta diferentes graus de desenvolvimento ao longo de seu território.

Felizmente o número de regiões desenvolvidas é maior do que as subdesenvolvidas. Porém, o que fazer para mudar a realidade dessas últimas?


Talvez muitos pensem que a coisa não é tão simples assim e não existem fórmulas mágicas para o desenvolvimento econômico e social.

E estão certos.

Se a coisa fosse fácil, podem ter certeza, alguém já teria feito há muito tempo e colhido os louros da façanha.

Porém, havemos de concordar  sobre uma verdade simples; a falta de boa vontade política, competência e ação de dos políticos do chamado Norte Mineiro e outras regiões que englobam os municípios mais pobres de Minas como, Jequitinhonha, Mucuri e Rio Doce, tornam a coisa como está.

Reverter  pobreza em riqueza pode não ser fácil, mas também não é coisa de outro mundo e os políticos locais, associações de moradores, e até ONGs não movem sequer uma palha pra reverter esse quadro.

Segue abaixo, algumas ações simples que as lideranças políticas do Grande Norte Mineiro podem tomar para atenuar e caso sejam bem coordenadas, reverter a situação calamitosa de pobreza e desigualdade em riqueza e desenvolvimento econômico.

Incentivos Fiscais Eficazes:

No ano de 2011, o então Governador Antônio Anastasia lançou um projeto que, a primeira vista parecia interessante, embora tardio. A Sudene Mineira! O projeto de lei previa incentivos fiscais para as empresas que se instalassem na  região do Grande Norte Mineiro, aumentando a competitividade da mesma e gerando empregos e renda.

O que o governador  no entanto “esqueceu”, é que o projeto previa esses benefícios para  cidades já consolidadas como destino de muitas empresas (Montes Claros, Janaúba, Pirapora) e as cidades extremamente miseráveis e necessitadas ficaram de fora.  

Na ocasião, o deputado  estadual pelo PV,   Fábio Ramalho  afirmou: 

"Essas regiões têm o pior Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) do Estado, sem infraestrutura e com pouquíssima mão de obra. Se não houver incentivos a mais para as indústrias se instalarem lá, todas, com certeza, irão para a região de Montes Claros, que é muito mais desenvolvida", aponta Ramalho.
  

Para que as empresas se interessem em se instalar na região, entre outras são necessários incentivos fiscais REALMENTE EFICAZES que torne o processo de produção e consumo na região, interessantes. Tais incentivos devem ser concedidos em todas as esferas do governo; ou seja, estadual (redução drástica do ICMS) Federal, (PIS, Cofins) e municipal (ISS). Vale ainda ressaltar que o Grande Norte Mineiro encontra-se na área de atuação da SUDENE, ou seja, já existem muitos benefícios fiscais para que empresas se instalem lá. Isso prova que não basta existirem os benefícios, eles tem de ser eficazes e tem que estar dentro de um contexto.

Pacote de Infraestrutura

Desnecessário dizer que sem infraestrutura adequada não tem como haver crescimento econômico. Talvez esse seja o principal motivo por qual o Grande Norte Mineiro não conheceu o tão sonhado desenvolvimento.

Conclui-se então que um pacote de obras de infraestrutura que promova o desenvolvimento integrado da região é além de necessário, é também urgente!

Como todos sabemos, obras de infraestrutura tocadas pelo estado são custosas, superfaturadas, e feitas do modo mais porco  possível, com insumos de péssima qualidade.

Uma ótima oportunidade para se entregar a infraestrutura do Grande Norte Mineiro nas mãos da iniciativa privada. Em uma licitação de um pacote de infraestrutura que contemple o semiárido mineiro não faltariam empresas interessadas. Algumas obras poderiam ancorar o desenvolvimento das vocações econômicas já existentes e atrairiam aportes privados importantes. Algumas delas:

Reconstrução da BR 367 de Diamantina-MG à Santa Cruz de Cabrália-BA atrairia o movimento de cargas na região, seria uma importante opção para escoar  a produção do sul-sudeste para o nordeste. Vejam o estado lastimável da BR 367:
   


Uma Ferrovia que sirva para escoar o minério da região de Rio pardo e Grão Mogol e possa também transportar produção agrícola. Em 2010, todos ficaram extremamente animados coma noticia de que uma estrada de ferro seria construída nas regiões mais necessitadas de Minas. Pura Balela! A previsão para o início das obras estava entre 2012 – 2013. Hoje, seque estudos de impacto ambiental foram feitos. Enquanto isso, jazidas enormes de minério de ferro e milhões  de reais em investimentos estão parados, esperando obras deste tipo.

Adequação de aeroportos regionais com terminais de cargas visando exportação da produção agrícola da região. Dos vários aeroportos existentes no Grande Norte, alguns poderiam ser adequados para a exportação da produção agrícola, do artesanato produzido na região e da movimentação de cargas.

Um sistema de dessalinização da água do mar que venha a suprir a demanda de consumo humano e atenda um programa de agricultura irrigada.



A proximidade do Vale do Jequitinhonha com o mar não é explorada de forma alguma. Mesmo estando bem perto de várias possibilidades de crescimento que a pouca distância com o oceano traz, o governo mineiro nunca sequer cogitou a possibilidade de explorar essa vertente. Como podemos ver no vídeo acima, a dessalinização da água do mar já é uma realidade em alguns estados brasileiros. O que nos deixa mais impressionados, é que a região de Minas que mais sofre com a seca que destrói não somente a economia, como também vidas, é a que mais fica perto do atlântico. Todos fatores conspiram pra um programa de dessalinização de água do mar ser implantado ali. Menos a visão estratégica do nosso executivo. Em Israel, a dessalinização da água não somente atende a demanda humana, como também é usada em um sistema de agricultura irrigada na produção de frutas, prosperando a renda das famílias e a economia do país.

Industrialização dos Recursos Naturais

Embora seja pouco informado, o solo do Grande Norte é extremamente rico. Muitos minerais de valor estratégico e pedras preciosas repousam sob aquela região. As enormes jazidas  de minério de ferro encontradas há poucos atrás em Rio Pardo e Grão Mogol, embora com baixo teor  ferrífero, são  viáveis economicamente,e,  são apenas uma pequena amostra do grande potencial regional. Há muitos  anos atrás, já foi comprovado a existência de petróleo tipo Brent no município de Itinga, embora tenham faltado pesquisas para que provasse a quantidade desse petróleo e se o mesmo tinha exploração econômica viável.  As enormes minas de Granito em Medina também tem bom potencial de exploração e industrialização e até mesmo exportação. Recursos naturais, o Grande Norte mineiro tem. Falta a instalação de uma cadeia produtiva eficiente.


Conclusão:

Mediante todas informações apresentadas, conclui-se que a miséria no grande Norte Mineiro (região “geo-social” composta pelas regiões Norte, Jequitinhonha, Mucuri e Rio Doce) existe mais pela falta de boa vontade política e pelo coronelismo local do que pela falta de expectativa de futuro. A indústria da seca enriquece os donos de caminhões-pipa. A construção de barragens, ou mesmo um ambicioso projeto de dessalinização da água do mar levaria essa gente à bancarrota. A indústria extrativista pode ser usada como trampolim para um desenvolvimento econômico sustentável e que tire a região da miséria e dê expectativa de vida à população local, para que a mesma não precise migrar aos grandes centros em busca de uma vida melhor. 

A classe política regional e estadual sabe disso, e explora bem tal fato.  De 4 em 4 anos se apresentam à população como salvadores da pátria, Messias de uma era que desde o fim da exploração dos portugueses nunca chega, sempre estabelecendo seu poderio regional e se reelegendo sempre que possível.  A população também tem sua parte de culpa, pois não se organiza, não procura saber das potencialidades do lugar que mora e nem dela própria. Permanece com o cérebro preso no cabresto, simplesmente preocupada demais em como sobreviverá no dia seguinte. Essa cadeia de fatores faz do vale o que ele é; Um lugar rico, com um solo rico, de um povo rico que infelizmente, vive na pobreza. 

* Douglas Ribeiro Soares é mineiro, reside no município de Betim e escreve para o Blog do Jequi de forma apolitica e apartidária. É simpatizante do movimento libertário, o que ajuda a analisar a política e a economia do Estado de Minas Gerais de forma independente em colunas periódicas aqui no blog.


Sobre o Autor: Bernardo Vieira
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    Bernardo Vieira

    Sou mais um apaixonado pelo Vale do Jequitinhonha e suas riquezas. Venho, através deste blog, tentar expandir a cultura do vale, bem como trazer novidades e coisas úteis em geral. Formado em Administração pela UFLA - Universidade Federal de Lavras e Funcionário Público Estadual (TJMG). contato pelo email: nabeminasnovas@yahoo.com.br ou bernardominasnovas@hotmail.com.

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